Amor, mudança e marteladas

Quero quebrar tua imagem, teus automatismos, tuas repetições para que te reconstruas. Não porque a tua imagem antiga seja ruim, mas para que a nova, a desconhecida, a estranha, desponte. A anterior não será perdida – estará guardada em tua mente. Assim terás em teu poder a que já conhecias e a que te desafia sendo diferente.
Dizer que sou eu quem quebra tua imagem é inverdade ou, no mínimo, um exagero metafórico. Ofereço-te o martelo. E te conto dos meus movimentos de quebrar a mim mesmo. Partilho contigo o desconforto que sentia quando a forma antiga não me cabia mais. Em algum momento, como aranhas e lagostas, vamos nos livrando das couraças-prisões e nos lançando ao crescimento. Crescer é também rasgar-se. Desconstruir-se e reconstruir-se. E pode ser bom ter por perto alguém que varias vezes já fez o processo em si mesmo. Estou aqui do teu lado.
Mas não quero que te reconstruas à minha imagem e semelhança. Reconstrua quem és de acordo com o teu querer.
Caso não saibas, há alguém aí dentro de ti que deseja mostrar-se, que deseja ser no mundo. São muitos os tesouros guardados na sombra querendo sair.
Mas, não te enganes. Esse teu novo “eu” um dia será velho e tu receberás convite de ti mesmo, ou da vida, para quebra-lo.
Quero exatamente isso. Ajudar na quebra da tua imagem velha para que mais tarde te apeteça quebrar-la tu mesmo, em solidão. Saiba que a transformação numa nova forma é tal qual o dia que se metamorfoseia em noite para mais uma vez, depois, ser dia. É processo que não tem fim.
E muitos ciclos à frente ajudarás outros a quebrarem suas cascas, a desconstruirem e reconstruírem quem são.
Nesse sentido, amar também é oferecer martelos e, sobretudo, ensinar a martelar martelando-se.

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