A sabedoria por detrás das coisas que não dão certo

Meu voo não vai acontecer. São 5:30h da manhã de um dia que começou bastante chuvoso aqui no Sul da Bahia.
O piloto nos informou que houve um problema no limpador de para-brisa e com o mau tempo seria uma irresponsabilidade grave proceder a decolagem.
Sim, pensei, os anjos-flanelinhas no céu estão em greve e é inviável voarmos com para-brisa sujo. Brincadeiras à parte, concordei com ele.
“Senhoras e senhores passageiros, apresento-lhes nossas desculpas e peço que desembarquem.”
Ouvi protestos dos meus vizinhos de poltrona ao descer e comecei a refletir sobre algumas coisas.
A primeira delas é o grande “enrosco” que se chama decidir.
A decisão do piloto trouxe chateação no entender de algumas pessoas. Pensaram nos atrasos de compromissos profissionais e familiares, ou se sentiram incomodados pelo fato de estarem cansados, ou por terem que agora carregar malas de novo, sair da aeronave na chuva e aguardar uma definição a respeito de novo embarque.
Incômodos causados por uma deliberação que para mim se mostrou muito sábia, correta… aliás, a única que seria aceitável por parte de alguém que tem nas costas a responsabilidade por dezenas de vidas.
E se ele seguisse em frente e fizesse a aeronave decolar para só mais tarde, em pleno voo, perceber o defeito? Ou pior: e se o defeito fosse o sinal de uma pane elétrica, uma complicação mais séria?
Outro ponto de minhas reflexões com esse incidente diz respeito à sabedoria por detrás das coisas que não dão certo.
Pode parecer simplista ou pollyânico demais o fato de imaginar que há algo de bom em todas as dificuldades e contratempos.
Quem sabe alguém até me julgue ingênuo, dizendo que ponho no rosto óculos com lentes cor-de-rosa e assim percebo a realidade como um “país das maravilhas”.
Sinceramente, não é bem assim. Percebo tanto o otimismo como o pessimismo como valores importantes. Sim, ambos são valores.
O pessimismo, a desconfiança, a desesperança também são importantes em algum nível, em algumas circunstâncias.
Aqueles com otimismo crônico, e que defenestram o pessimismo, por exemplo, costumam não ter um plano B, não agenciam recursos, não pedem ajuda e costumeiramente se mantêm despreparados para uma nítida característica da vida no planeta Terra: sua imprevisibilidade.
Uma pitada de ceticismo e desesperança podem ser úteis.
Por outro lado, quando se trata justamente de contratempos, que tal evocarmos um pensamento de Napoleon Hill no seu best seller “A Lei do Triunfo”: “por detrás de qualquer adversidade há a semente de algum benefício”.
Como não chegarei ao meu destino no horário previsto, cancelarei agora mesmo alguns compromissos por telefone e adiarei outros.
Viver é estar em dúvida e adaptar-se ao novo.
Quem disse que alguém nos dá quaisquer garantias quando nascemos?
Mas a vida continua sendo linda mesmo sem certezas.
E pra finalizar lembro de outro pensamento, um aforismo que uma sábia – minha tia Marialva – sempre repetia: “o Atraso é amigo”.
Essa é, apropriando-me de um jargão bem próprio da PNL, uma ressignificação importante já que ele é frequentemente visto como vilão.
Quantas vezes um atraso já lhe salvou a vida?
Ou lhe favoreceu um bom negócio?
Ou lhe apresentou um grande amor?
Você nunca saberá.
Enfim, creio que é importante, sobretudo numa circunstância como essa em que me encontro tendo deixado o avião pelo defeito apresentado, imaginar que há uma sabedoria regendo o curso das coisas nas situações adversas.
E, cá pra nós, crer ou não crer nisso é para mim uma decisão e o resultado de um exercício.
Escolho, portanto, aguardar calmamente um novo voo, acreditando que o atraso resultou da ação de uma sabedoria que de certa forma me favoreceu. Escolho crer nisso.
E enquanto espero, escrevo para você.

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Kau Mascarenhas é palestrante, escritor, coach e consultor de empresas. Atua com Desenvolvimento Humano há mais de vinte anos atendendo empresas de todo o país. É sócio-diretor do Pro-Ser Instituto. Utiliza-se da PNL, do Coaching e da Filosofia em seu trabalho. É o criador do curso digital PNL Plus.

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